quinta-feira, junho 18, 2009

A voz era irritante. Aguda. Impregnante. Piadinhas forçadas para ativar os hormônios da classe. Erros de concordância e explicações redundantes viraram “fichinha”. Ela já nem reparava mais.

A caneta estava com a tinta fraca “Justo hoje que eu resolvi fazer meu texto à caneta pra parar de apagar e ler os erros depois.” Ela tinha feito uma prova da matéria preferida no primeiro tempo: Matemática – dá-lhe ironia! – em relação às demais provas, não tinha ido tão mal assim. Acabou cedo, como de costume. Adiantou o intervalo e trazia a intenção de escrever um pouco. Todavia, preferiu trocar SMS e socializar com alguns colegas que simpatizava bastante.

Agora, esperava a professora terminar suas peripécias na lousa. Mentira. Ela já imaginava como fazer. Só estava esperando o tempo passar enquanto escrevia. Estava fluindo facilmente hoje. Talvez valesse a pena prosseguir.

Lembrou-se da aula de Matemática de hoje à tarde e que não foi ao dentista ontem. “Mais uma aula! (...) Pelo menos era de química. Dos males, o menor.” Foi um dito-cujo noticiar uma peça teatral. Comédia. Relacionamentos virtuais: “Procura-se uma namorada perfeita.com” “Indireta!” Parecia ter lhe despertado algum interesse proeminente. “Depende meu humor. Depende o dia.” Havia saído a classificação do simulado, o qual ela não tinha feito. Lá vinham lamentações?

Perguntaram-lhe se ela o fazia (escrever) todos os dias. Era recente. Não teve nem tempo de enjoar.

Relembrar o fim de maio e o fim de semana com maiores detalhes. Não era hora – indisposição. Truco. “Não enjoam?!” Não censurava, só não entendia como não enjoavam. Ela até jogava. Embora preferisse o fazer quando seus adversários estivessem bêbados.

Ibope. Arma declarada dos alunos contra os professores. Ela vai poder trocar o chefe no primeiro emprego?

Dormir! Talvez fosse o que precisasse no momento. Ou não.

Ela estava em busca de outro livro para se empolgar. Não apresentava mais livros do colégio para ler, pelo menos até então. “Toquinho.” “Don’t Know Why – Norah Jones”.

A professora especulou o bom rendimento da sala. Mesmo que, esta, fosse meio desarranjada. “Não há tanta ordem, porém há progresso. Oposto ao Positivismo.” Ainda que não cometesse sempre, ela gostava de assimilar dessa forma. “Viva às aulas de Sociologia!” Deveria praticar mais. Voltando às aulas de Sociologia, ela adorava as aulas de Sociologia, não só as aulas. Admirava a professora, tanto como profissional, quanto pessoa. 11h47.

(Ela achava ter terminado.)

12h18 – não, ela não havia terminado.
Política isolacionista: Cá, se tocou no tempo em que fazia que não saía. Fora “a” festa de umas faculdades que pegou na capital, fazia muito (mesmo) tempo que não saía na sua cidade. Nem “choppinho”. Nada. Andou saindo para jantar com as amigas. Mas não lhe era tão relevante. Desde que ela não continuasse assim...

A aula de Matemática do segundo período acabara de ser cancelada. 12h27.

Por Anita.