Metade do ano, metade do dia. 17h17 – exatamente.
Ela precisava de fato ouvir que não foi egocêntrica. Até então, só ouvira lamentação. Ou simplesmente não ouvira nada. Precisava confirmar a própria afirmação que dizia que respeitou seus próprios limites diante dos fatos os quais lhe apresentaram. Ouvir que a posição assumida foi a melhor para ela mesma. Tirar qualquer vestígio de culpa que poderia ter sobrado. Ela precisava se nortear de alguma forma. E assim o fez.
Fingia cantar It’s Not a Time – Tiago Iorc, enquanto fazia o de sempre em frente a uma tela de computador. Ria um pouco. Tudo estava relativamente normal. Relia uns textos. Via algumas noticias. Procurava algumas fotos. Novos contatos. E-mail por excluir. Nos conformes. Fazia um balanço do dia e o comparava com o anterior. Ela seguia mesmo os pensamentos de Heráclito. “De permanente, só há a mudança”
“Amanhã tem aula de química, e eu ainda tenho que responder uns SMS.” Nada de tão relevante. Mas escrever estava lhe consumindo. Sentia necessidade de organizar as idéias num papel. Prometeu relatar o fim de maio. E o fim de semana. Conquanto que a vontade fosse ampla para fazê-lo, não se via impulsionada para tal. Cansaço.
Quase preparando um misto com bastante queijo enquanto buscava motivação para um banho quente no tempo frio (nem tão frio assim – preguiça).
Por Anita.