terça-feira, janeiro 26, 2010

E eu o observo, do único meio que me propõe. Lindo e leve antes de dormir. Dias e noites profanas. Histórias lânguidas. Não é mais um desejo vão e promíscuo, é indigência. E tudo se resume às poucas palavras rasas que sei pronunciar diante de minha percepção pagã.

São 3h04, madrugada do dia 25 de janeiro do novo ano que nasce: 2010. São todos os meus planos temperados com você, acrescidos a cada momento do meu livro. Os problemas pararam de girar em torno do que giravam. Agora, exatamente agora, somos nós. Nós. Nós e todos os nossos cúmplices. Tornou-se mais que um personagem ridículo a ser esquecido. Tornou-se o protagonista e antagonista das minhas idéias; o mais querido no meu sofá, ou esteado no meu tapete enquanto prende as minhas pernas entre as suas. Faça parte do meu oxigênio e tem de fazer parte da minha língua.

Faz-se de anjo com qualquer luz que o propicie. Engana, seduz, persuade. Enlouquece. Enloquece... com qualquer sorriso bem dado ou palavras bem articuladas, ou ainda, alguma voz um pouco mais “molinha”. Deliciosamente viciante. Feito um narcótico. Completamente ilícito. Enquanto eu, sem nenhuma proteção. Sem muro. Sem orgulho. Sem roupa. Estou feita de sorrisos. E recheada de clichê.

E mais uma vez, tudo se resume às poucas palavras rasas que sei pronunciar diante de minha percepção pagã. 3h22.

Por Catarina

quarta-feira, janeiro 20, 2010

Eu sinto que o ano começa no fim das férias. Ou melhor, sinto que o ano começa quando está perto de começar as aulas. O ano letivo, é de fato o “ano” letivo. É aquele que você coloca na cabeça que depois que começa, demora pra terminar (perdoem-me o queísmo). Ainda que o mais legal seja agora, antes das férias de julho, sem – muita – pressão e sem aquela preocupação constante de fim de ano letivo. Notas, recuperações, re-recuperações e etc.

Eu desanimei no decorrer do meu ensino médio. As coisas eram mais legais quando eu me empolgava pra comprar o material escolar. Estrear o caderno, a caneta macia, o cuidado ao apagar do jeito “bonitinho” a borracha. Sempre tudo muito bonito no início. A classe se mostra mais unida, mais receptiva, mais de bem com a vida. Semblantes, muitas vezes, mais simpáticos que o normal. Férias viram assunto. Vestibular e decisões também. A promessa continua a mesma dos anos anteriores: “esse ano eu vou estudar”. Os professores não mais estressados. Tarefas em dia, estojo limpo, matéria em ordem; o ato de copiar do “quadro-negro” torna-se quase involuntário. É desejo de recomeçar, é o gás pairando sobre as nossas cabeças.

Nos três primeiros meses a promessa vem se cumprindo de fato. Estudos, estudos, estudos. Amizade. “No-stress”. A mulher da cantina traz salgados novos. Os coordenadores demonstram empolgação sobre o planejamento do ano. Alguns horários de aulas ainda se alteram. Alunos novos dão as caras. No fim de maio, o gás vai acabando. Contagens regressivas para as férias de julho começam a aparecer. Aí, quando finalmente chega, você se vê diante de uma válvula, ou várias delas, de escape. Eis o momento para novas promessas para o semestre seguinte. As preocupações com os últimos bimestres, ou o último trimestre, começam a te cumprimentar. A tensão cresce. Meio do ano e diga “oi” para os vestibulares. Você não sabe mais de onde surgiu tanta cobrança, se foi de você, dos coordenadores, da tia da cantina, dos seus pais, dos professores...

Já no fim, tudo levado as coxas. As buscas por grafite “zero-cinco” ficam constantes. A borracha está rabiscada e, por conta do lápis “seis-bê”, ela mancha ao apagar. As últimas folhas dos cadernos-bonitos estão rabiscadas. Nomes, desenhos, jogos da velha, forca, contas, telefones, desejos, parábolas, bilhetes, moléculas. Nada mais que marcas de um ano inteiro. Época de revisão. Mais vestibulares. Do gás você já não se lembra. Acordar disposto você não sabe mais o que significa. O “quadro negro” está mais negro e com um humor mais desagradável que o normal. Professores travam colunas (grande, Gramática), distúrbios intestinais (que o diga meu ex-professor de Física), crises de estresse (ê, Jesus), filhos nascem, audiências aparecem, e assim vai caminhando.

O ano parece realmente terminar em dois momentos: ao fim de suas primeiras fases, que acabam no mesmo ano mesmo. Ou ao fim de suas segundas fases, mas aí só ano que vem. E agora sim, classifique-se como felizardo ou não diante do ano que passou.

Por Talita