quinta-feira, junho 25, 2009

Uma caneta e uma folha de papel em branco lhe bastavam. Acabara de fazer prova – Geografia e Biologia. Preferia não opinar sobre o assunto. Finalmente quinta-feira. Uma contagem regressiva havia chego ao fim. Havia sido adiantada, na verdade. Estava um tanto quanto ansiosa. Não era tão visível, mas o friozinho na barriga de outras vezes voltara a se manifestar. Aos olhos de quem não vivia a mesma situação, era ridiculamente ridículo (sim, vale a redundância), consolava-se com o que se lembrava de um filme que assistiu por várias vezes: se não está disposto a parecer estúpido, não merece estar apaixonado – “A Lot Like Love”.

Lembrara de algo que soube ontem que lhe deixou extremamente sensível/vulnerável – ou como quiser chamar. Intervalo. Preferiu dar um tempo, digerir o assunto. Socializar um pouco.

“Socorro”. 11h11. Admitiu de fato estar num beco sem saída quando viu as gotas d’água fluírem num toldo que separava e protegia o pátio da chuva, na mesma velocidade que rolavam algumas muitas gotas interiores. De volta ao início.

Ao mesmo tempo em que ela se posicionava fortemente diante de alguns fatos, algumas outras coisas realmente mexiam com seu ponto fraco e lhe jogavam na cara, escancaradamente, o quão frágil era. Estava carregada de culpa até o pescoço, sabia como aliviar, soube desde o início e sempre pretendeu o fazer. E embora parecesse “desculpinha pronta”, justificava-se, amplamente, com o medo. Medo de decepcionar, destruir uma imagem pronta, gerar desconfiança. Considerava, sim, compreensível o desencadear de tudo isso diante da ocasião, e era, exatamente por tal, que estava tão aflita. Talvez eu esteja mais do lado dele. Sorte que não prometeu pra ninguém nada muito leve, pelo menos para ela, tudo aquilo estava com quase um mol de densidade. É, aula de química. O corpo acusava o quanto estava agoniada. Começava a pipocar. E, além de tudo, precisava se policiar para surtir uma calmaria a fim de não recebê-lo feito uma criança no auge de sua catapora.

Ele chegaria hoje, pela tarde. Um novo passo a ser tomado. Não planejou muita coisa. Prometeu para si deixar fluir. Como se fosse algo corriqueiro, pois era exatamente assim que gostaria que fosse. Muito mais agradável praticar as coisas simples (perdoe o clichê), ter um retrato vivo de como seria se tudo aquilo lhe fosse absolutamente normal, como se estivessem há anos passando por aquelas determinadas situações.

12h49. Torturante a espera pelo sinal. Juro que ela tentava se dispersar, ainda que fosse em vão.

Já tinha acabado, só estava fingindo que escrevia alguma coisa enquanto a professora ditava a resposta do exercício 20, ou 21, como quiser.

Agradecia ao tempo por lhe poupar um pouco de chuva, pelo menos pra ir pra casa e melhorar o humor.

Fluiu mais do que imaginava.

Por Anita.