Hoje, a diferenciação é a moda vintage. Aquela, sabe? Derivada dos séculos passados. A maravilhosa Wikipédia conceitua: “Moda retrógrada. Uma recuperação de estilos dos anos 20, 30, 40, 50 e 60”. Será mesmo uma recuperação? Ou “panela velha é que faz comida boa”? Sinceramente, eu apostaria em que tudo isso se trata de uma cópia gigantesca. Que tal ser a aceitação de algo que passou foi realmente bom e estava esquecido? Os botões, as listras, os óculos, os tênis, as batas, os vestidos, as combinações de cores, o xadrez! Talvez o tal do vintage tenha deixado de ser moda “antiga” e ocupado o lugar a fim de apreciar o “velho”, não obstante a nossa incapacidade de criar.
Para facilitar: ou apreciamos o lixo atual – com suas raras exceções, ou vivemos intensamente em nossa rodinha clichê. Estamos num ciclo vicioso, numa mesmice. Na novela, o mocinho sempre passa por altos e baixos e, no fim, vive feliz para sempre com o seu amor. Aos olhos da nossa belíssima justiça, os poderosos são inocentes, os menores infratores são somente crianças. O Estado é culpado, o presidente também. Sem contar na superlotação das cadeias. No horário eleitoral, ou nos submetemos ao “Caro povo brasileiro” ou desligamos a TV. E aí, não muitos meses depois, ficamos perplexos diante de frases tais como “esse dinheiro não é meu”, ou nos contentamos com um “boa noite e até amanhã” sem saber o real destino dos questionados. No outro dia, a Fátima virá com mais “notícias” e a tal impunidade, a qual deveria ser lembrada, cai no esquecimento depois do próximo anúncio. Mas os clichês não. Ah, os clichês... Esses continuam com louvor: “O que acaba com o Brasil é a corrupção”. Essas são as tendências: fazer da rotina um jargão. Tornar da contemporaneidade o senso comum da vida. Fazemos isso porque somos parte do “mundo dos espertos”. Pulamos na merda - desconsidere a linguagem, por favor - e estamos nadando de braçada nela. E pouco importa se iremos sair dela ou não, cabe a nós nos mantermos e aproveitar o momento. “Viver cada dia como se fosse o último”, até o Carpe Diem (aquele que diz para colhermos o dia e aproveitarmos o momento) que dispunha de várias interpretações caiu nessa lástima. E assim, aceitamos as condições por total conveniência ou dificuldade no raciocínio.
Contudo, termino como comecei. Afinal, “brasileiro não desiste nunca!” e viveremos todos na incumbência de por um ponto final em nossos dias logo após a um reluzente “felizes para sempre”.
Por Talita