Sentia-se dividida numa gangorra. Parte dela estava lá no alto, comemorando. Tão feliz que o sentimento de culpa se fazia presente ao olhar pra outra ponta da gangorra. E depois, ao observar por fora o que estava em cima e embaixo, parou pra analisar o quão traiçoeiro o destino é. Não que ela acredite muito nesse papo de destino, mas não deixa de acreditar também. Dificilmente para pra pensar nisso. Dificilmente achará uma resposta que lhe convença. Portanto, sempre deixou estar.
Justo agora que ela tinha achado algo/alguém pra se completar? Justo agora que se sentia apta pra completar algo/alguém? Cobrou o destino sua vida inteira por isso. Embora tenha alguns empecilhos, nada tão relevante a ponto de tirá-la da ponta alta da gangorra. Não custava à outra parte continuar do jeito que estava, sem oscilar e cair. Entrar em equilíbrio, talvez. Garanto que não seria uma má idéia. E um shot de felicidade plena faz bem, às vezes.
Deparou-se com a quantidade de fatos que tinha de relatar. Possuía mesmo a necessidade de fazê-lo. Por mais lânguido que pareça/seja, ela não sabia quando partiria e sentiria imensa gratidão para com os que lessem e contassem suas histórias. Deixaria um rastro de lembrança em vida e após. Ou não só nesse caso, vai que lhe falte a memória. (...) Lembrara de uma parte de um filme que assistiu por várias vezes: Diário de uma paixão, que dizia, bem no finzinho: “The history of our lives by Allison Hamilton Calhoren. To my love, Noah. Read this to me, and I’ll come back to you”. A personagem manteve um diário durante o ápice de sua paixão, relatando tudo o que viveu com o amor de sua vida. Ela perde a memória e foi internada. Ele, são, vai morar com a Ally no hospital e lê para ela todos os dias uma parte do diário, fazendo assim, com que ela se lembre ás vezes de quem ele é e o quanto o ama. Muito mel com açúcar, eu sei. E ela também admite ser. Quiçá fosse a ponta baixa da gangorra que a fragilizou. Quiçá não.
Por enquanto, só.
Por Anita