No ápice de seu estado não muito agradável de humor, lembrara de como era bom ouvir Aerosmith. Fazia muito tempo que não ouvia. Para ela, isso significava muita coisa, já para o leitor, pode lá não fazer muito sentido.
Ontem, na velocidade de um estalo, percebera que o tempo não passava só para os demais. Fez questão de sair, almoçar sozinha, comprar tinta pro cabelo e observar as pessoas. Estava extremamente introvertida, desde a madrugada de quinta feira. Talvez soubesse o motivo, mas não fazia muita questão de saber. Talvez fizesse mesmo questão de qualquer medida paliativa. E assim o fez. Distanciar-se, pensar um pouco. O famoso programa de gordinha tensa, sabe? Comer o dia todo ao assistir TV, ou não assistir necessariamente.
Pintou o cabelo. Deixou-o no tom de uns dois anos atrás. Estava quase sentindo falta das nuances louras. Pintou a unha de vermelho escuro. Um tanto quanto agressivo. Frio. Planejava sair. Ver gente. Comemorar a aparência nova. Não é todo dia que se pinta o cabelo.
Mais uma promessa feita: retratar a última semana. Assim como ficou de falar sobre o final de maio (começou e não terminou, bem do seu feitio), estragaria tudo se o fizesse agora.
Já que não fluía, achou melhor voltar para o programa de gordinha tensa no sábado à tarde.
Por Anita