Esteve pensando: “se continuar assim, minhas férias dará um bom livro – ou nem tão bom assim”. Assimilava algumas conversas que lhe transmitiam segurança. Tinha algo que fugia do seu controle e que lhe deixava fora do próprio controle também. Depois de alguns minutos surtados, ria sem parar do que acabara de vivenciar “... mas que rir de tudo é desespero”. Diziam-lhe que sentiam saudades. Ela não precisava disso agora, estava entretida mesmo na sua variação de humor. Ainda que os textos imprimissem algumas coisas do interior, o que era impresso tratava-se apenas do que ela escolhia exteriorizar. Não sabia medir numa porcentagem pra transpor em algum parâmetro. Mas admitia ser pouco. Muito pouco. Admitia até algumas coisas as quais dimanavam sem querer e, que uns dias depois, relendo aquilo tudo, algumas bolhas de proteção faziam com que se arrependesse de ter escrito.
Bem que Heráclito dizia que não somos, apenas estamos. Esteve num humor esplêndido durante a madrugada. Foi só acordar que todo aquele esplendor desceu pelo ralo. Alguma coisa, aquela retratada no inicio do texto, que te deixava fora de controle voltara a atormentar. Era mais ou menos “a volta dos que não foram”. Não acreditava fazer algum sentido para alguém, nem para os mais próximos, mas talvez fosse exatamente aí que via a tal da graça.
Inconformada com o seu egoísmo, com sua vontade inconseqüente de guardar tudo numa redoma de vidro e observar de longe. Mas também, que divertimento teria? Assistir de longe os títeres se moverem descontrolados, sem harmonia nenhuma com os fios que lhe asseguravam. E por que não um pouquinho de emoção? Quiçá fosse isso: essa tal de emoção exacerbada que não sabia atinar. E não lhe era o mais simpático para o momento. Não condiz com a sua postura freqüente sair do controle. Querer gritar e descabelar uma terceira pessoa. Não pretendia o fazer. Entretanto, vontade era algo fácil de acionar.
Por Anita