quarta-feira, julho 29, 2009

28 de julho, terça feira. 22h12.
O dia que eu menos esperava chegou. Reafirmo sem qualquer ironia, caso tenha interesse. Encontro-me aqui: na sua cidade, na sua casa, no seu quarto. Apossando-me de suas coisas e sua família, como se fossem minhas. Sem qualquer escrúpulo. Observando a vista da janela enquanto me aconchego em sua cama, aguçando o meu olfato pra poder sentir seu cheiro melhor em cada lugar que estiver ao meu alcance.

Inutilmente tento acreditar que vou ouvir seus passos na escada, ou ver você saindo do banheiro e vindo em minha direção. A Suki já cansou de me fazer companhia. Seus pais foram dormir. Seu primo mais novo atendeu o chamado da sua tia e foi pra casa. Sua irmã, depois de muito conversar comigo, foi tomar banho e deitar. A casa fica realmente muito estranha sem você.

Juro que só queria contar como foi depois que você partiu. Aposto que jamais imaginaria que sua irmã me chamaria pra ficar mais uns dias na sua casa. É, ela me chamou. Quer que eu fique até sábado, mas acho que minha mãe só deixa mais uns dois dias. Disse até que não ligaria se eu ficasse com você. Você há de concordar que as coisas se encaminharam muito melhor do que você idealizava. Até a que eu achei que não conquistaria, eu conquistei. Eu falo que sou a mulher da sua vida, mas você não acredita.

Está quase inevitável não deixar rolar uma lágrima na minha face ao lembrar de você. Não posso te mandar mensagem. Se eu te deixar algo por internet, vai demorar pra você ler. Eu quero você. Mesmo que por alguns instantes. Ver-te de longe, qualquer coisa. Mas você agora está num avião, cada vez mais longe de mim. E por um ano. Com uma nova família, novas amizades, novas experiências.

Eu repito quantas vezes você quiser, você foi a peça chave desse ano pra mim. A pessoa mais importante mesmo. Eu estou te esperando. Eu estou com saudade. Eu estou com o coração apertado a cada passo que eu dou, a cada olhar que eu lanço diante das suas coisas.

E agora, 00h08, estou pensando em como você está, quem está do seu lado. Durante o meu ouvir incansável de todas as nossas músicas.

Por Srta. Monteiro

quarta-feira, julho 15, 2009

Para você;

 Leoni - Os Outros

Inicialmente, venho por meio desta, expressar com satisfação cada contentamento que vivi em sua presença. Não interprete como forma de despedida, embora tenha todo o contexto; Mas acredite que seja um documento para se recordar com carinho todas as vezes que lhe faltar afeto de minha parte, para lhe fazer companhia enquanto eu não estiver. Para ler no fim de tarde, ou naquela madrugada sem ter o que fazer. Para encher seus olhos de esperança, assim como manterei os meus, e acreditar que o tempo passa depressa.

Por conseguinte, gostaria de lhe pedir desculpas por qualquer falta que eu tenha perpetrado. Todos os meus erros que possam ter acontecido sem eu me dar conta. E todos aqueles propositais cometidos em algum momento não muito afável. Caso tenha se esquecido de concluir, perdoe-me de toda ironia, grosseria, ciúme, esquivas e qualquer outro.

Faço questão que saiba o quanto eu gostaria de lhe dizer tudo isso, mas você bem sabe que os meus dedos em conjunto com o teclado são mais hábeis para tal. E seria bem provável que eu me esquecesse de algo.

Que seja levado em conta o quão clichê o amor é. Acredito que não vá ser muito diferente de tudo que já lera por aí sobre amor.

Saiba que cada vez que ler, eu gostaria de estar ao seu lado, segurando sua mão ou entretendo meus dedos no seu cabelo. Ou ler para ti. Como já fiz com outro texto. Mesmo que a leitura seja turbulenta, mesmo que eu não pare na cadeira, mesmo que me venha um nó na garganta.

Perdão se alguma vez lhe omiti algo, foi o que eu achei mais apropriado para o momento. Considere íntegra minha sinceridade em cada palavra que lhe redigi ou disse. Não desconsidere nossos momentos de exaltação. Riremos de todos eles depois, sem contar que contribuiu para nos conhecermos melhor.

Obrigada por todo o período até então. São Paulo, São José dos Campos, em casa. Sem deixar para trás todas as tardes inteiras que passamos conversando no MSN, as noites e madrugadas também. As horas no telefone. Todos os SMS. O DVD. Obrigada por cada parte do seu corpo. Mãos, braços, pele, boca. Obrigada por cada sensação e arrepio. Vejo necessidade em deixar claro que foram incríveis todos os dias em que acordamos juntos. Todas as risadas, todos os surtos, todas as piadas, inclusive as internas, todas as cócegas, todas as histórias. Enfatizo todos os beijos, todos os abraços, cafunés. Cada olhar. Cada sorriso. Cada toque. Cada lágrima. Cada colo. Seu cheiro e seu gosto que me fizeram dependente e que me entorpecem. Os filmes assistidos e os que tentamos. As músicas que ouvimos, ou só deixamos de fundo; E aquela que fizemos nossa. Aliás, gostaria que estivesse ouvindo agora.

Agradeço pelo blog, por todos os textos, até os que não falam sobre você diretamente. Talvez sejam mais seus que meus. Grata por fazer desfalecer boa parte do meu orgulho em relação a ti. Por me completar em todos os instantes em que me senti vazia. Por guardar um pouco de você em mim, no meu jeito, no meu olhar, na minha pele, nas coisas que eu falo.

Acredite, tentei me entregar por completo. E teria o feito com mais coragem se não estivéssemos propostos perante as condições.

Prometo contar com todo meu carinho as nossas histórias. Se estivermos juntos, ou não. Você está sendo uma das melhores coisas, se não a melhor, que já me aconteceu. Ao se lembrar de mim, não se esqueça, ainda que eu não demonstre direito, que eu te amo muito; E que você foi a causa e o efeito da maioria dos meus sorrisos.

Por Srta. Monteiro

terça-feira, julho 07, 2009

"Nas horas tristes, filho, não diga nada. Coloque um silêncio bem alto no aparelho de som. E comece a escrever bem baixinho.(Chorar até que pode, desde que não lhe embace a vista). Só não pare: tristeza é pra escrever. Tome posse dessa dor que é toda sua. Até que passe e venha outra mais bonita."
Para aprender a melancolia - http://parafrancisco.blogspot.com/

Por Anita

segunda-feira, julho 06, 2009

Esteve pensando: “se continuar assim, minhas férias dará um bom livro – ou nem tão bom assim”. Assimilava algumas conversas que lhe transmitiam segurança. Tinha algo que fugia do seu controle e que lhe deixava fora do próprio controle também. Depois de alguns minutos surtados, ria sem parar do que acabara de vivenciar “... mas que rir de tudo é desespero”. Diziam-lhe que sentiam saudades. Ela não precisava disso agora, estava entretida mesmo na sua variação de humor. Ainda que os textos imprimissem algumas coisas do interior, o que era impresso tratava-se apenas do que ela escolhia exteriorizar. Não sabia medir numa porcentagem pra transpor em algum parâmetro. Mas admitia ser pouco. Muito pouco. Admitia até algumas coisas as quais dimanavam sem querer e, que uns dias depois, relendo aquilo tudo, algumas bolhas de proteção faziam com que se arrependesse de ter escrito.

Bem que Heráclito dizia que não somos, apenas estamos. Esteve num humor esplêndido durante a madrugada. Foi só acordar que todo aquele esplendor desceu pelo ralo. Alguma coisa, aquela retratada no inicio do texto, que te deixava fora de controle voltara a atormentar. Era mais ou menos “a volta dos que não foram”. Não acreditava fazer algum sentido para alguém, nem para os mais próximos, mas talvez fosse exatamente aí que via a tal da graça.

Inconformada com o seu egoísmo, com sua vontade inconseqüente de guardar tudo numa redoma de vidro e observar de longe. Mas também, que divertimento teria? Assistir de longe os títeres se moverem descontrolados, sem harmonia nenhuma com os fios que lhe asseguravam. E por que não um pouquinho de emoção? Quiçá fosse isso: essa tal de emoção exacerbada que não sabia atinar. E não lhe era o mais simpático para o momento. Não condiz com a sua postura freqüente sair do controle. Querer gritar e descabelar uma terceira pessoa. Não pretendia o fazer. Entretanto, vontade era algo fácil de acionar.

Por Anita
Estava quase idêntica a imagem que tinha de escritoras quando pequena: cabelos presos num coquinho, uma caneca de chocolate quente saindo fumaça, uma blusona com calça de moletom, meia com chinela-de-vó, olheira. Mesa bagunçada, papéis rabiscados, canetas perdidas. Música ao fundo no computador cheio de página de pesquisa aberta. Faltavam-lhe os óculos. Mil e uma idéias. Embora fosse impossível colocá-las todas num papel visando algum nexo. Não lhe restava nada a fazer. Ninguém com relevância para passar o tempo. Nenhum site que lhe prenda a atenção. O sono disse que demoraria a chegar.

Sentia suas mãos atadas num nó cego. 8 horas – ou 5, caso tivesse um carro, enfim – mantinham-lhe longe do objeto de desejo. Nada viável que possa fazer. Pegar um ônibus com destino a Capital Universitária do Vale com o cartão de crédito que a mãe lhe liberava às vezes? Talvez não estivesse pronta pro esporro da volta. Ela não disse que melhoraria algo e que faria algo realmente bom, entretanto só gostaria de estar lá. Acompanhar.

Desde pequena, nunca gostou de estar nos bastidores. Ainda que soubesse que a presença desses que ficavam observando dos bastidores era imprescindível. Gostou sempre de fazer uma “participaçãozinha” especial. Ou pegar o papel principal, quem sabe. Não que ela adorasse se aparecer, todavia, venerava cultivar aquele sentimento de “olha, eu ajudei nisso... e deu certo!”.

Fazer mais que entender a flutuação de humor alheia. Ou dar aquele apoio moral. Nem que estivesse só por um abraço. Ou um “vai ficar tudo bem” olhando bem dentro dos olhos. Cantarolar baixinho algo que gostassem no final do dia durante um carinho no cabelo. Só para tentar confortar.

Tom Jobim e Elis Regina embalavam seus pensamentos vagos.

Por Anita

domingo, julho 05, 2009

Lembrou com perfeição do sonho retrasado. Era mais para retratar o ambiente, ficou realmente encantada com a sua imaginação. E achava tudo aquilo muito incrível, sonhar com um lugar que nunca viu.

Chegou com o sol forte da manhã. Ficou na recepção por um tempo falando com a recepcionista como se já se conhecessem há algum tempo. Tomou cappuccino com pãezinhos. Um pedaço de melancia, um suco de laranja e alguns morangos pra tentar bancar a saudável. Sempre tenta modificar a alimentação quando quer começar algo novo. Conversou com algumas pessoas desconhecidas enquanto esperava a chave do quarto.

Subiu, entrou no quarto. Deparou-se com uma cama de casal com um edredom branco e fofinho, quatro travesseiros e algumas almofadas pra deixar tudo mais aconchegante. Um criado-mudo sob um abajur de luz quente para cada lado da cama. Estirou-se sobre os edredons com a sensação de alivio enquanto olhava ao seu redor. E logo defronte, janelas imensas seguindo toda a parede. Fez questão de abrir as cortinas e respirar mais viva diante da claridade matinal que adora. Ao seu lado direito o banheiro e ao seu lado esquerdo um escada pra descer. Ficou perplexa com a sala. Era do jeito que apreciava: clara, decoração contemporânea com móveis de madeira, tapete, aparadores tabaco, almofadas e uma estante até o teto, repleta de livros. Embalagem de fast-food e um copo usado sobre a mesinha de centro ao lado de um monte de papéis que escondiam o controle remoto.

(...)

Em síntese era isso, ficou abismada com o hotel, apartamento; ela não sabia ao certo o que era de fato.

Caso queira saber, deu uma pausa muito grande entre a metade do texto e o fim. Esperou muito para terminar de relatar. Ficou a tarde inteira sem escrever, perdeu o fio à meada. Perdeu a vontade.

Por Anita

sábado, julho 04, 2009

No ápice de seu estado não muito agradável de humor, lembrara de como era bom ouvir Aerosmith. Fazia muito tempo que não ouvia. Para ela, isso significava muita coisa, já para o leitor, pode lá não fazer muito sentido.

Ontem, na velocidade de um estalo, percebera que o tempo não passava só para os demais. Fez questão de sair, almoçar sozinha, comprar tinta pro cabelo e observar as pessoas. Estava extremamente introvertida, desde a madrugada de quinta feira. Talvez soubesse o motivo, mas não fazia muita questão de saber. Talvez fizesse mesmo questão de qualquer medida paliativa. E assim o fez. Distanciar-se, pensar um pouco. O famoso programa de gordinha tensa, sabe? Comer o dia todo ao assistir TV, ou não assistir necessariamente.

Pintou o cabelo. Deixou-o no tom de uns dois anos atrás. Estava quase sentindo falta das nuances louras. Pintou a unha de vermelho escuro. Um tanto quanto agressivo. Frio. Planejava sair. Ver gente. Comemorar a aparência nova. Não é todo dia que se pinta o cabelo.

Mais uma promessa feita: retratar a última semana. Assim como ficou de falar sobre o final de maio (começou e não terminou, bem do seu feitio), estragaria tudo se o fizesse agora.

Já que não fluía, achou melhor voltar para o programa de gordinha tensa no sábado à tarde.

Por Anita
"Todo mundo sabe de alguma coisa que eu não sei
De um filme que eu não vi
De uma aula que eu faltei
Por mais que eu tente eu nunca chego no horário
Eu perco tudo que eu ponho no armário

Tudo atrapalha o que eu faço
Mas pros outros parece tão fácil

A fila que eu escolho vai sempre andar mais devagar
E o troco acaba bem na hora em que eu vou pagar
Se eu me distraio um único instante
Pode apostar que eu perco o mais importante

(...)

Os vizinhos devem rir por trás do jornal
Eu desconfio de um complô
O maior que já se armou
Uma conspiração internacional"
Leoni -Alice (Não Me Escreva Aquela Carta de Amor)/ Conspiração Internacional

Prometeu voltar a escrever, esteve ausente por uma semana. Mas foi por uma boa causa, juro. Estava realmente cansada, embora já tivesse formulado um texto.

Por Anita