Já com você, retomei todos os meus cuidados, enquanto você se perguntava o porquê de tantos muros. Não foi tão intenso quanto o outro, confesso. Mas não que isso tenha sido ruim, muito pelo contrário, tive o prazer do costume e da segurança não desfrutada anteriormente.
Você, amor, que não me ensinou sobre segurança, apresentou todos os prazeres das sintonias. Tive sua presença por tão perto, que durante várias noites eu ainda sentia seu corpo caloroso envolto pelo meu. Fez de muitas músicas perfeitamente tuas, tanto que, hoje, sinto um sério constrangimento em te olhar nos olhos e ouvir alguma delas; faz-se um sorriso amarelo inevitável e, como bem sabe, não gosto que o perceba. Perto de ti eu sou forte – ou tento parecer – e estranha. Só me esqueço de prevalecer tais características quando passo meus infinitos segundos olhando pros teus olhos. Desses que sei exatamente sobre os “risquinhos” castanhos acinzentados perdidos do castanho escuro misterioso. Sei também dos “vasinhos” e da curvatura exata de seus cílios fartos. Sem contar que tenho até hoje a simetria de sua face em minhas mãos, trancafiada junto do meu porta-lembranças para nunca mais dizer adeus.
Por você, anjo, responsável pelos meus prazeres, nunca quis tanto me preparar. Nutri um desejo de melhora incrível – no exato sentido de não crer. Quis estar à sua proporção e cultivar uma constante. E eu estive, anjo, não pelo tempo que você gostaria, mas estive. Você foi minha segunda tentativa de “sempre”, com quem eu planejei, me assegurei, sonhei e mudei vários de meus planos. Mas saí de minhas raízes e o resto que se prendia a elas, ficou fraco demais. Não tive o alicerce, ou não o recebi de forma adequada e satisfatória para nós dois. Foi aí que me perdi em meio de suas atitudes inseguras e sem orgulho. Tão entregue que eu nem sabia mais o que fazer com tudo aquilo. Fomos ficando cada vez mais diferentes durante a minha volta à frieza e calculismo de sempre, e você precisando cada vez menos disso.
De você, amor, senti falta de toda sua arrogância, a qual, para mim, era charme, de toda sua prepotência que me fazia segura, de seu orgulho destruindo o meu, de suas amigas - talvez sem plural -, que me ponderaram os ciúmes, de sua ida me renascendo o anseio de volta.
Já de você, anjo, senti falta de ter importância a partir do momento em que te deixei ir. Também de sua dependência camuflada e sobreposta de afeto infantil (não entenda mal o “infantil”). Fez despertar todos os desejos carnais, embora não tenhamos tido tempo o suficiente para realizá-los. Te quis, por todo nosso tempo, junto de mim e, talvez assim, tivéssemos nos entendido melhor, proporcionando, assim, consertar nossas falhas de maneira mais adulta.
Com você, amor, eu nem me lembro de como te esqueci. E caso esteja me acompanhando, saberá o raciocínio e lógica da situação. Não deixarei pistas, você nunca aparentou precisar, sendo uma das coisas que sempre me encantou.
Com você, anjo, eu nem sei como terminar e me despedir. Um infortúnio, eu sei. Considere, porém, todas as minhas desculpas.
Por elas