A penúltima apostila está mais rabiscada que porta de banheiro público. No inicio, eram contas, moléculas, observações importantes. Hoje, pode ser o que quiser, desde desenhos, rabiscos sem sentido, “testes-de-caneta”, “sono”. Tudo isso por contemplarmos a “setembrite”. A partir dessa, a “vergonha na cara” desaparece e você começa a dormir com mais freqüência, e não é nem aquele sono especialmente matinal, típico de primeiras aulas; o problema consiste na primeira aula, na segunda, na anterior ao almoço – porque você está com fome –, na pós-almoço, porque comeu demais, na última, porque é a última, claro.
Os salgados da cantina já enjoaram e a tia, se for intrometida como a minha, entre um doce e outro, já começa a te dar sermão, estimular seu peso na consciência e a pressão (que quase não existe, bobagem minha).
E aí, em meio a tantas inscrições e ameaças sobre você não ser aprovado diante de todo aquele gasto, você até perde aquele coragem pra pedir as “carolinas” para o fim da tarde à sua mãe. Aliás, você quase não pede mais nada a ela.
O ato de acordar vira um ritual e segue os seguintes hábitos: na segunda, você acorda pensando na sexta, ou no sábado – caso suas aulas se estendam pelos seis dias. A título de consolo, nos demais dias, se o sono prevalecer insuportável, você acorda pensando na última aula, ou ainda, naquele dia chave que acontece de sair mais cedo.
Com algumas pessoas acontece de saírem menos. Já aqueles que mantêm cursos, atividades físicas recém começadas, nem se lembram mais do que é isso. Hábitos religiosos só são nutridos caso precise de nota, ou esteja caminhando para o terceiro, ou mais, anos de cursinho.
Se por algum acaso houver movimentação livre no seu recinto educacional, inicia-se a busca por companhia pra tomar um café, bater um papo, ver a rua. Do contrário, idas ao banheiro acabam por ser mais comuns e demoradas. Vai lá, já anda mais devagar, pensando na vida, às vezes encontra um ou outro na mesma situação que você, pergunta do futebol pro inspetor, que de tão cansado também, nem se recorda de ser tão chato.
Mas, não tem o que fazer. De qualquer forma, é setembro.
Por Talita