Veja só a que somos condicionados: lá nos primórdios, fazem questão de nos apresentar letras, números, formas. Resumindo de forma bem precária, apresentam-nos as operações matemáticas, construções lingüísticas. Propõe-nos a desenvolver arte. Passamos, aí, a nos especificar mais. Grade acadêmica aumenta e tentam introduzir coisas biológica, física, química e matematicamente sobre terra, água, ar – e o máximo que puderem. Contam-nos histórias brasileiras, portuguesas, orientais... sem contar o incentivo a pensar no subjetivo, inexistente, o lógico, o mecânico.
Mesmo que no fim das contas (que são muitas) tudo se una de algum modo, esses 200 dias letivos por alguns vários anos consecutivos acabam por ser – ao menos, perante a minha visão – a transa mais miscigenada na vida de um ser.
Entretanto, tudo isso é um preparo para o afunilamento total. Emburrecimento; com todo respeito ao animal e ao dicionário (não sei se a palavra existe); planejado e escolhido meticulosamente. Alguns passam três anos se preparando, outros dois e alguns ainda, dois meses, para as tão esperadas (ênfase, por favor) “provas de conhecimentos gerais”. A prova final de que você, aluno, sem luz pelo latim, adquiriu alguma iluminação no decorrer de seu histórico escolar.
E se, por muito esforço, intervenção divina, sei lá, você passe, prepare-se: voltará a ser um sem-luz qualquer. Agora, com uma diferença, ao invés de amplificar seus horizontes, irá minimizar com vistoso destaque seus conhecimentos arduamente obtidos, os quais serão futuramente esquecidos com o devido esplendor para restar lugar suficiente para os outros lances especializados, a fim de te tirar da frente daqueles holofotes escolares e tornar-te num gigante diante de uma fendazinha de luz universitária que entra pelo buraco da fechadura. Contemple.
Por Talita