Maquinava incessantemente como seria o decorrer do ano que vem. Tanta coisa ela poderia mudar, tanta escolha para fazer. Uma mudança (pseudo) completa lhe faria especialmente bem. Novos ares. (...)
Havia se desconcentrado do texto conforme o andamento da aula de gramática. O professor parecia mais simpático depois de ter lhe entregue a nota. Mais sorrisinhos e sem enchê-la pra copiar a matéria. Sem contar na atenção especial perante as perguntas, por mais aleatórias que fossem. Desde derivação imprópria, até religião.
Apesar da irritação com a futilidade da conversa alheia, tentava se nutrir “sóbria” e bem humorada, vinha se mantendo assim por dias. Inabalável – ainda que estivesse acontecendo o que fosse. É o momento dela, e de mais um milhão. Mantenha-se.
O professor colocou um trecho de Chico Buarque na lousa – inevitável não lembrar-se dele. Devido ao sorriso, o professor perguntou-lhe se gostava e, ao olhar o que escrevia, se preferia estudar pela apostila. Ela, na verdade, não estudava essa disciplina, mas ele não precisava saber disso. Questionou-lhe também se pretendia escrever um livro. Ela respondeu um simples “porque não?”. Aconselho-lhe a criar um blog e ela, com um sorriso escancarado de vergonha, disse que já o fazia. Só não podia lhe passar o endereço, assim como ele havia pedido, visto que vários textos comentavam sobre sua rapidez exorbitante.
Por Anita