domingo, setembro 13, 2009

Eu tô no veneno, eu tô sem astúcia. Questionando-me a todo tempo. Não considerando mais o presente como uma dádiva. Eu quero o meu futuro. Tô pagando pra ver meu futuro. Pouco me importando como vou chegar, desde que eu chegue. Estou em busca de atuar como figurante nas teses que envolvem o que somos, onde estamos e o porquê estamos fazendo. Como já disse Schopenhauer, simplesmente representar, sem causar muito alvoroço. Quero saber se vou me desvencilhar. Ou se vou acabar numa só veia. Se eu vou morrer cedo, como eu sempre achei, independente de como.

Quero saber qual o ópio que vou chamar de meu, se será você, se será eu, se serão meus frutos. Anseio por ver o mundo daqui uns anos. Ver a ciência se confirmando, ou o Apocalipse, plenamente dito. Ver a prévia do nosso “admirável mundo novo”. Nosso “1984”. Não que eu esteja a comemorar, mas não acredito que seja tão evitável assim. Se é que já não estamos na tal prévia; e que de tão entranhados que já nos posicionamos na aranha capital de Marx, não percebemos mais nada, devido à singular aptidão de granjear a falsa consciência. Quero ver se nosso “Brasil brasileiro” continuará com a tradição de golpes, iniciada lá em 1981 com o nosso querido Deodoro da Fonseca favorecendo dinheiro público a um amigo. Quero ver os Lulas que virão. Se ainda teremos gloriosos chefes de Estado alcoólatras aprovando Leis Secas, ou ainda, analfabetos aprovando Reformas Ortográficas, uma vez que a desculpa utilizada por aqueles que são aversos ao mérito e ao esforço é de que "a língua portuguesa é difícil", a decisão política foi simples: destruam a língua portuguesa, assim é mais fácil justificar o fracasso do ensino público, minado pela falta de dinheiro para melhores salários de professores e melhores infra-estruturas nas escolas. Dinheiro esse que vai para o pagamento de juros (mais alto do mundo) que sustenta o Real do Estado dos concursos públicos e cargos comissionados.

Quero ver também se manteremos o conceito de felicidade já formado (dois filhos, dois carros na garagem, carreira bem reconhecida e uma alta conta bancária). Ver se continuaremos a não “falar com estranhos” e nos contradizermos ao guiar toda nossa (pseudo) liberdade através do telefone móvel, cada vez menor, mais fino, mais rápido, mais prático, mais funcional, mais.

Por Talita