Quero saber qual o ópio que vou chamar de meu, se será você, se será eu, se serão meus frutos. Anseio por ver o mundo daqui uns anos. Ver a ciência se confirmando, ou o Apocalipse, plenamente dito. Ver a prévia do nosso “admirável mundo novo”. Nosso “1984”. Não que eu esteja a comemorar, mas não acredito que seja tão evitável assim. Se é que já não estamos na tal prévia; e que de tão entranhados que já nos posicionamos na aranha capital de Marx, não percebemos mais nada, devido à singular aptidão de granjear a falsa consciência. Quero ver se nosso “Brasil brasileiro” continuará com a tradição de golpes, iniciada lá em 1981 com o nosso querido Deodoro da Fonseca favorecendo dinheiro público a um amigo. Quero ver os Lulas que virão. Se ainda teremos gloriosos chefes de Estado alcoólatras aprovando Leis Secas, ou ainda, analfabetos aprovando Reformas Ortográficas, uma vez que a desculpa utilizada por aqueles que são aversos ao mérito e ao esforço é de que "a língua portuguesa é difícil", a decisão política foi simples: destruam a língua portuguesa, assim é mais fácil justificar o fracasso do ensino público, minado pela falta de dinheiro para melhores salários de professores e melhores infra-estruturas nas escolas. Dinheiro esse que vai para o pagamento de juros (mais alto do mundo) que sustenta o Real do Estado dos concursos públicos e cargos comissionados.
Quero ver também se manteremos o conceito de felicidade já formado (dois filhos, dois carros na garagem, carreira bem reconhecida e uma alta conta bancária). Ver se continuaremos a não “falar com estranhos” e nos contradizermos ao guiar toda nossa (pseudo) liberdade através do telefone móvel, cada vez menor, mais fino, mais rápido, mais prático, mais funcional, mais.
Por Talita