sábado, dezembro 26, 2009

Ir para ficar parado; avocar para ficar calado; sorrir para não ser notado; fingir-se hílare com o descaso; acreditar no pouco como suficiente; ignorar a música para não dançar; ausentar-se do ânimo para o futuro próximo, vago, abster-se à diversão, às festas, ao tumulto, à bebedeira, ao trago. Acuidade sem motivo; permanente olhar inibido; pouco caso com casos alheios. Um motivo para tudo; infinda racionalidade; fazer tolos os seus, permitir-se ao cansaço, preguiça. Adiar o abraço; poupar os comentários; contentar o discreto, limitar as ocasiões. Mudar de ideia; mudar de vida, mudar o rumo; abandonar as roupas… Mudar as músicas, mudar a trilha, fugir de tudo; fazer-se em ti uma “outra”.

...E construir um avião.

Por alguém

terça-feira, dezembro 22, 2009

“Abre o teu sorriso, eu estou a te esperar.”

Comemorando novamente a triunfal ignorância de um ser. Sabe que, diante da minha pouca sabedoria eu me pergunto como certas pessoas atingem certos pontos? A mente humana é, de fato, algo que eu gostaria de entender. Privar a minha doce navegação eu até engulo. Juro, e falo isso sem cinismo, se houver alguma dúvida. Forma de castigo, ainda que insensata, pra uma menina de quase 18 anos; sinal que me trata com alguns anos de retardamento, enfim. Agora retirar as minhas caixas de som eu já acho meio “tenso”. Deus, se Ele existir, que me perdoe e me livre de tratar os meus filhos assim. Que nessa hora, pelo menos nessa, a nossa rainha Elis Regina esteja errada, não sejamos os mesmos, nem viveremos como os nossos pais.

Dizem que a vida é esquisita mesmo, e que algumas pessoas têm necessidade de calejar com um certo tipo de coisa. Às vezes eu acho que meu tempo já deu. E que, sem prepotência, a minha hora de voar chegou. Eu o faria, se não tivessem me cortado as asas e se encontrasse uma dose de coragem por aí.

E aqui estou eu, diante da prepotência e arrogância alheia. Não seja infeliz de me perguntar, ainda, os motivos ante os meus inúmeros atos rudes. Eu tenho os meus motivos, embora possa não ter relevância para você.

Daqui uns anos, eu espero reler tudo isso e reconhecer como crescimento, amadurecimento. Pelo menos ver pesar o lado mais vantajoso da ocasião. Cantarei um novo hino e gritarei a minha falsa liberdade, aposto que verás.

Algum dia de dezembro.

Por Talita,

talvez.

quarta-feira, dezembro 09, 2009

Eis minha primeira vez por aqui. Primeira vez em que eu me declaro de fato. Já devo ter aparecido obscuramente em alguns outros pontos, mas me prostrei covarde até então. Não sei exatamente quando fui gerada, sei que vim de uma desproporcionalidade de algum tempo atrás, sei o momento da minha concepção, momento decidido por mim. Sou a mais nova delas. Não sei dos motivos. Tenho o conhecimento de alguns porquês. Porém, nada muito além disso. Sou a mais frágil, a mais medrosa. A menos cética. Acredito em Deus e em suas intervenções. Acredito em avisos, energias, sintonias, uma força maior.

Tendo como parâmetro a borboleta, sou o final da pupa – a fase que se desenvolve dentro do casulo – e o inicio da imago, que colore, que voa. Sou a que ri de piadas sem graças, a que ri 30min depois da mesma piada sem graça, a que chora com filmes, músicas, livros e uma tarde chuvosa. Sou a que admira um pôr-do-sol, um arco íris, a simetria de uma face, de um corpo. Sou a que perde o controle, a que tem ciúmes, a mais gentil, a mais “bonitinha”, assim diria a Talita. Sou a que abraça a mãe, a que beija o irmão, a que tem vontade de apertar, morder, tatear um rosto, dedilhar cabelos, brincar com brincos, correntes, amarras.

Sou a que pede carinho, que gosta de colo, cafuné. Sou o baú das minhas lembranças, das minhas mentiras sinceras, inseguranças, medos, medos, medos e tristezas. Sou o encanto, sou a arte, sou a música, a cor, o lenço num dia de vento. Sou a borboleta. Sua.

9 de dezembro de 2009, exatamente a 1h53.

Por Catarina