Eis minha primeira vez por aqui. Primeira vez em que eu me declaro de fato. Já devo ter aparecido obscuramente em alguns outros pontos, mas me prostrei covarde até então. Não sei exatamente quando fui gerada, sei que vim de uma desproporcionalidade de algum tempo atrás, sei o momento da minha concepção, momento decidido por mim. Sou a mais nova delas. Não sei dos motivos. Tenho o conhecimento de alguns porquês. Porém, nada muito além disso. Sou a mais frágil, a mais medrosa. A menos cética. Acredito em Deus e em suas intervenções. Acredito em avisos, energias, sintonias, uma força maior.
Tendo como parâmetro a borboleta, sou o final da pupa – a fase que se desenvolve dentro do casulo – e o inicio da imago, que colore, que voa. Sou a que ri de piadas sem graças, a que ri 30min depois da mesma piada sem graça, a que chora com filmes, músicas, livros e uma tarde chuvosa. Sou a que admira um pôr-do-sol, um arco íris, a simetria de uma face, de um corpo. Sou a que perde o controle, a que tem ciúmes, a mais gentil, a mais “bonitinha”, assim diria a Talita. Sou a que abraça a mãe, a que beija o irmão, a que tem vontade de apertar, morder, tatear um rosto, dedilhar cabelos, brincar com brincos, correntes, amarras.
Sou a que pede carinho, que gosta de colo, cafuné. Sou o baú das minhas lembranças, das minhas mentiras sinceras, inseguranças, medos, medos, medos e tristezas. Sou o encanto, sou a arte, sou a música, a cor, o lenço num dia de vento. Sou a borboleta. Sua.
9 de dezembro de 2009, exatamente a 1h53.
Por Catarina