terça-feira, outubro 20, 2009

Coordenada e abscissa encontram-se na origem. E só na origem. Antes disso, sabiam-se relacionadas por uma ou outra função, mas, sem a união, vinham do infinito negativo. O destino, por sua vez, vem bidimensional e totalmente decidido a conspirar para uni-las. Embora sejam responsáveis pelo chamado plano cartesiano, depois do encontro, seguem sem rumo ao infinito, sem plano algum, apenas resquícios de memórias e, talvez, saudades. Frutos de uma colisão inesperada, não obstante desejado. A partir do momento em que se encontram, mudam seus sinais de negativo para positivo, e o crescer continua.

Fiz-me coordenada e tu, abscissa. Antes de encontrar-te, o universo conspirou e insistiu em proporcionar um encontro. Em um belo dia, nem tão belo assim, pela atração que apenas as forças de Van der Waals poderiam causar, vieste a mim. Chamou-me pela nomenclatura mais adequada e isso fez nascer algo tão intenso quanto uma Ligação de Hidrogênio. Uni-me a ti intermolecular e instantaneamente. Verdade seja dita, apaixonei-me.

E agora, mesmo indo rumo ao infinito, sendo este tão mítico e desconhecido por meu frágil intelecto humano, ainda há uma função que nos ligue. Algo como:
CONFUSÃO DE SENTIDO x PERFUME + TÔNICA
e tal equação me faz inerciar, hesitar em partir. Quando me qualificaste como perfeita em tua concepção, criaste esperança. No entanto, o sujeito por quem tenho a maior admiração, não me quis.

Por algum motivo não te conquistei como conquistaste a mim. Mas olho ao redor e incessantemente me espelho em Y, porque, mesmo sem querer, tudo te transforma em meu “x”.

Por Ana Carolina Oliveira