sábado, novembro 27, 2010

Precisa-se de título, e várias outras coisas.

É engraçado, eu sempre tô me arrependendo de algo (talvez eu não saiba o que é se arrepender de fato, mas vamos considerar algo próximo a isso). Talvez ontem eu estivesse mais “inspirada” para escrever esse texto que vai seguindo, mas é sempre assim: arrependimentos por não ter escrito ou por ter escrito demais.

Estive pensando no começo de tudo e se é tão genérico para as demais pessoas quanto é para mim. Soa, quase (quase!), como uma hipócrita valsa clássica. Tudo parece milimetricamente ensaiado, os casais que se ajustam, a luz que está perfeita, há sempre sorrisos comprados e estampados no rosto com afinco. Aí então, o objeto de desejo aparece num banquete, rodeado de todas as coisas as quais você nunca pensou em admitir que gostaria, um pacote com doses quadruplicadas de um ópio extremamente venoso, encoberto de amor e excitação. Depois de degustar da tal droga, você, simplesmente, cai o nível. A culpa não é sua, mas você não acreditaria em mim. Porta-se como um rato sujo a contemplar sua abstinência, põe-se a enlouquecer se não tiver novamente aquela droga, ao ponto de autodestruir e, por pouco, destruir o traficante que lhe ofereceu a libertinagem do vício, traficante o qual recusa-se – sem você saber o porquê – de lhe dar qualquer bocadinho de tudo novamente. E poxa, que grande merda, o pior é pensar que ele te vendia aquela droga a troco de nada.

No próximo quadro, aí está você: magro, tremendo e clamando por aquelas sensações novamente. Vendendo a mãe se for preciso, só pra provar daquilo uma última vez. Então, a droga e o traficante te evita. Te trata como se não a conhecesse, com o descaso que tem por um cachorro de rua. E sabe de onde vem o grande problema? A estrondosa ironia? É que você, no ápice de nada e qualquer coisa, não pode sequer mais culpá-lo.

Numa olhadela diante do espelho você nota que está composto somente por uma caixa de ossos, ao ponto de não ser possível se reconhecer. Eis a canção derradeira do show de toda essa paixão discordante. A sublime desvalorização de si próprio.

Anyway, dizem que é coisa que acontece. Num caso mais promissor de alguma paixão babaca, acontece de se apaixonarem aos 20, casarem-se, separam-se aos 30 e descobrem que nunca pertenceram de alma àquilo.