Os acontecimentos retratados como espetáculos poderiam ser listados um a um. O mais recente é o da menina Isabella, o qual movimentou milhares de pessoas – por mais tempo que os demais – destaque vindo da mídia que se disfarça de imparcial e busca o foque de interesse do público. Resultando em todas as proporções presenciadas, desde todos os meios de comunicação de massa falando do mesmo assunto, até a comemoração de pessoas que viajam quilômetros à porta da delegacia a fim de profanarem os suspeitos, jogar pedras e acenar para as câmeras ali presentes ante a resposta do júri ao (já pré-condenado pela sociedade) casal Nardoni.
Com o circo já montado e os palhaços entretendo com afinco o seu público, outros mais assassinatos acontecem, também com crianças, a diferença está na atenção. Uns não chegam a um décimo da platéia, muito menos a um julgamento. E, sem as câmeras, a polícia já não trabalha de forma tão eficaz, advogados não compram ternos novos, a perícia não demonstra tanto profissionalismo e nem é gasto 50 vezes mais para resolver o caso.
E aí, então, é visto o povo se prostrando como seguidor do espetáculo. Esse próprio espetáculo descrito no dicionário como algo que prenda atenção, atrativo, algo a se contemplar e, até mesmo, a representação do ridículo. Evidentemente que um bom espetáculo seguido de um drama mais trágico – ainda que a contemplação termine quando o próximo anúncio no intervalo da novela das 8h começar – gera muito mais repercussão. Ou seja, os políticos continuam em sua corrupção, assassinatos acontecem, estupros, leis sem sentido sendo aprovadas e muitas outras barbáries. Mas, sem a presença das câmeras, não teria por que de tanto esforço, não é mesmo?
Por Talita